quarta-feira, 17 de abril de 2013

The walking dead: Comentando a série do momento

     Fonte: Divulgação
     Atualmente poucas séries tem encontrado tanta relevância na cultura pop quanto a multimidiática criação de Robert Kirkman e Charlie Adlard. Já andei resenhando a versão em quadrinhos que originou tudo, e agora chegou o momento de tratarmos da série do canal estadunidense AMC que vem conquistando cada vez mais fãs pelo mundo afora.
     Quando foi lançada a primeira temporada de TWD, o nome de Frank Darabont como produtor deixou todo mundo empolgado, afinal o homem responsável pelas grandes adaptações de Stephen King para o cinema entende bem do desafio que são adaptações de textos trazidas de outras mídias. Ele entregou uma primeira temporada convincente, com um episódio piloto digno de cinema e um final que deixou um pouco a desejar, mas que se manteve acima da média. Darabont não continuou na segunda temporada para o desgosto de muitos, mas o alicerce para me manter preso à série surgiu ali, quando a história passou a ser contada a partir da fazenda do Hershell. Uma única locação passou a abrigar a trama, que começou a desenvolver muito melhor os personagens e trouxe um final de temporada absolutamente espetacular, que pôs em risco a vida de todos os personagens em meio a uma carnificina finalmente digna da hq. Agora temos uma terceira temporada com o ambiente tenso e claustrofóbico de uma prisão e com os personagens que todo mundo mais queria ver: o terrível governador e nossa espadachim misteriosa, a Michonne.
       Comparar os personagens das duas versões é inevitável. No geral as mudanças foram relativamente boas: gosto muito de Glenn e Maggie, que realmente parecem completar um ao outro na versão para a tv, que marcou pontos positivos também quando lançou o Daryl, um anti-herói cool que não existe na hq. O governador está levemente diferente em sua apresentação, com ares mais cavalheirescos e menos palavrões,  mas por dentro mantem a mesma maldade inata da hq. Andrea tornou-se praticamente outra pessoa, Dale dançou, mas o novo esquema  funciona devido aos planos guardados para a loira. Rick achou na série um excelente intérprete, que trabalha bem as nuances que o tornam vulnerável á sua própria personalidade.
        Não seguir os passos do roteiro da hq mostrou-se um desafio e tanto, se considerarmos os fãs xiitas que não aceitavam tais mudanças, mas agora essa imprevisibilidade tornou-se um trunfo e tanto. Não dá para saber onde a história vai parar, os caminhos que se abrem são múltiplos e as boas surpresas tem se repetido ao longo dos episódios. Outro aspecto a se destacar são as boas doses de  gore que tem agradado muito aos fãs do gênero zumbi. Essas cenas abusam de boa maquiagem e efeitos manuais, mas não dispensam também uma eficiente estilização da sangueira por meio de efeitos de CGI. Vida longa a Rick Grimmes e a quem mais possa sobreviver neste mundo irresistível, assustador e muito divertido.


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Sobre o menino do pijama listrado

                                                                          Fonte: Divulgação

       Ontem terminei de ler O menino do pijama listrado, belo romance de John Boyne que estava em uma lista de leitura à minha espera havia o maior tempão. Tinha muita curiosidade quanto a esse livro, embora já tivesse tido um contato com a história por meio do filme, que é muito bom por sinal. Mas cada mídia tem seu próprio formato, e eu felizmente não perdi meu tempo: texto simples e ao mesmo tempo tão bem escrito que me prendeu facilmente até o seu final.
      Eu gosto quando temos uma criança como protagonista de um livro para adultos. Sua visão dos acontecimentos geralmente envolve muita inocência e sensibilidade. Sempre me encanto por exemplo com o Carlinhos, do Menino de engenho e do Doidinho, duas obras de José Lins do Rego que trazem um panorama da infância em meio ao mundo rural do nordeste brasileiro. Nesses dois romances a inocência do personagem vai aos poucos sendo minada pelo meio, e uma personalidade vai se construindo ali, bem próxima de nós. Já neste livro do John Boyne um mundo muito cruel cerca o personagem Bruno, um garoto de nove anos, sem que ele se dê conta, e nosso desejo como leitores é que ele desconheça tal mundo, que viva acreditando acima de tudo na vitória do bom senso e da bondade humana, nem que para isso seja enganado tal e qual o garotinho do filme A vida é bela, lembram?
         O começo da história nos revela pouca coisa, mostrando a mudança da família de Bruno para uma propriedade rural bem distante de seu antigo lar. A não aceitação dessa mudança e a exploração do novo ambiente são o mote do início dos capítulos mas o que espera nosso pequeno herói?
      Na orelha do livro há uma frase que aconselha os leitores a não saberem muito sobre o enredo, para que sejam surpreendidos pelo que está por vir. Talvez seja mesmo o ideal para que a trama surta o efeito desejado: de susto, de lamento e de muita reflexão. Basta que você saiba que a trama se passa na Alemanha dos anos 40 e aí você já pode tirar algumas conclusões sobre o contexto histórico em que os personagens estão inseridos. Não, não vou dar spoilers! Há boas pistas do que está por vir durante os capítulos, mas é no finalzinho que tudo se encaixa com perfeição, apesar de nossa torcida eterna por finais felizes ter sido frustrada. Nem sempre porém isso é um mal sinal!