domingo, 9 de março de 2014

Resenha: Contatos imediatos de terceiro grau

                                                                  Fonte: Divulgação

      Em 1977 um clássico da ficção científica ganhava os cinemas e tornava-se um novo marco na carreira do então iniciante Steven Spielberg. O diretor já havia surpreendido todo o mundo com o seu Tubarão dois anos antes e agora experimentava a alta expectativa do público, que aguardava ansiosamente a sua nova obra. Não decepcionou ninguém e entregou uma fita impecável, que comprovava ainda mais a sua genialidade. Vamos agora tentar resenhar essa obra-prima que deixou muita gente indo por quintal de noite pra dar uma conferida no céu.
       O termo contato imediato foi cunhado pelo  Dr. J. Allen Hynek, uma sumidade no assunto que emprestou a expressão para o título do filme. Segundo ele haveriam três níveis de contatos com seres extraterrestres, que seriam o Primeiro grau - contato visual, Segundo grau - contato realizado através de  evidências e Terceiro grau - o contato físico com um ser extraterrestre. Modinha na década de 70, o assunto era um hit também devido ao sucesso indiscutível que George Lucas, compadre de Spielberg conseguiu com sua ficção Star Wars. Essa safra de filmes poderosos acabou dando início aos blockbusters de verão que a gente vê até hoje, ou seja se você for mesmo um cinéfilo de verdade e encontrar Spielberg ou Lucas por aí peça a bença pros home.
       Mesmo assim seria injusto afirmar que a história do filme surgiu de uma hora para outra, ela vinha sendo trabalhada pelo diretor a anos e as cenas impactantes imaginadas precisaram utilizarem-se de diferentes técnicas para alcançar a verossimilhança desejada. A inovação proposta pelos efeitos especiais marcaram época, nunca haviam alcançado tal patamar no cinema americano até então.
        Impacto visual  aliás é algo utilizado aqui sem economia. Já nos primeiros minutos somos presenteados com um rápido turbilhão de cenas ao mesmo tempo perturbadoras e espetaculares: que dizer de um gigantesco navio que surge do nada em pleno deserto, ou de aviões desaparecidos durante a segunda guerra que surgem sem nenhuma explicação em meio a uma tempestade de areia? Há ainda a cereja do bolo: milhares de indianos quase em transe entoando o misterioso mantra que acompanhará a produção até o seu maravilhoso clímax . Após esse misterioso e promissor movimento inicial passamos a acompanhar a obsessão de dois personagens em desvendar o que parece esconder-se além dos céus nebulosos da América. São eles  Roy Neary, um homem comum envolvido em eventos que não compreende,  numa atuação muito boa de Richard Dreyfuss e a jovem Jillian Guiler (Mellinda Dillon) que tem sua vida virada pelo avesso após o estranho desaparecimento de seu filho de três anos.
        Spielberg introduz seus personagens principais em meio a duas cenas muito poderosas que cravaram-se em definitivo no imaginário coletivo, e foram exaustivamente copiadas pelo cinema e televisão : o carro solitário em meio uma estrada rural sendo cercado por uma luz intensa e a abdução de um garotinho em sua própria casa. Com imaginação, o fascínio pelo desconhecido vai arrebatando o público aos poucos, fazendo uso de sugestões e insinuações de fatos e é aí que entra em cena o ato final onde todas as perguntas vão ser respondidas. Só faltou mesmo gabar  a trilha sonora de John Williams, um personagem a mais no filme.   Williams  concorreu ao Oscar 1977 com dois trabalhos: Star wars (que saiu vencedor) e Contatos imediatos. Uma prova que o homem não estava pra brincadeiras.