Atualmente o mundo todo está de olho na série de tv The Walking dead, exibida no Brasil pelo canal Fox e baseada em um dos mais vendidos gibis dos EUA . Como essa hq é uma das minhas favoritas no momento ( dividindo atenções com o também ótimo Vampiro americano, de Scott Snyder e Rafael Albuquerque), nada mais natural que uma resenha aparecesse mais cedo ou mais tarde. Vale lembrar que aqui são considerações apenas sobre a hq, um projeto muito bem executado pelo roteirista Robert Kirkman e pelos desenhistas Tony Moore e Charlie Adlard.
O tema dos zumbis não é exatamente novo, volta e meia é revisitado por cineastas, que lançam novas ideias e contribuem para o enriquecimento deste subgênero do terror. No entanto, creio que foi no campo das hqs, com o início da publicação de The walking dead em 2003 que o filão renovou-se com maestria. Não que a série não beba na fonte da filmografia dos sem túmulo: há momentos que são pura homenagem a clássicos antigos e atuais do gênero. Eu diria no entanto que a grande novidade trazida pela série foi o olhar dirigido essencialmente aos vivos: são os sobreviventes do holocausto apocalíptico que dominam nossa atenção e são suas ações que movem com rapidez eletrizante os acontecimentos. Ou seja, uma história sobre mortos-vivos onde o que importa mesmo são os vivos, as tensões dos relacionamentos, a perversidade que habita a alma humana, o fim das regras sociais em nome da sobrevivência.
Não vou aqui dar spoilers, mas aos que não conhecem a trama basta citar a linha básica do enredo: um grupo tenta desesperadamente sobreviver em meio ao caos de um mundo dominado pelos zumbis. Nosso personagem principal aqui é propositalmente um homem da lei: o policial Rick Grimmes, que após acordar de um coma descobre que o mundo não é mais exatamente o mesmo: a cidade está tomada pelos "mortos andantes" do título e quem pôde escapar desse inferno fugiu para Atlanta deixando tudo para trás. Um bom início, que nos traz á lembrança a atmosfera de filmes como o britânico Extermínio. Juntando-se a um acampamento de sobreviventes nas proximidades de Atlanta, Rick reencontra sua família e dá início à busca de um local onde possam ter segurança.
A partir desse ponto, o roteirista começa a adequar com habilidade os acontecimentos aos locais onde o grupo tenta fixar-se. Um condomínio, uma fazenda e até onde pude alcançar, uma penitenciária vão servir de palco a uma espiral crescente e imaginativa de mortes e violência. Só faltou o shopping de George Romero! Interessante notar na fase da penitenciária a ironia da situação criada por Kirkman: zumbis circulando em liberdade, e vivos lutando para obterem segurança, trancafiando-se na prisão.
Quanto à arte da hq, temos um início que agradou a maior parte dos fãs, com os desenhos precisos de Tony Moore. A partir da sétima edição ele continuou fazendo as capas, mas o miolo ficou sob o comando de Charlie Adlard, que capricha nos tons cinzas e torna todos os personagens ambíguos, sempre com expressões mergulhadas nas sombras. Nem sempre fica claro para o leitor quem ali é um mocinho ou um psicopata, e esse ponto é até positivo pelo interesse que acaba gerando em quem lê.O desenhista deixa a desejar em alguns momentos de ação e nos cenários, simplificados demais, mas capricha nos momentos de gore, que não são poucos. Um prato cheio para os fãs do gênero.
A partir desse ponto, o roteirista começa a adequar com habilidade os acontecimentos aos locais onde o grupo tenta fixar-se. Um condomínio, uma fazenda e até onde pude alcançar, uma penitenciária vão servir de palco a uma espiral crescente e imaginativa de mortes e violência. Só faltou o shopping de George Romero! Interessante notar na fase da penitenciária a ironia da situação criada por Kirkman: zumbis circulando em liberdade, e vivos lutando para obterem segurança, trancafiando-se na prisão.
Quanto à arte da hq, temos um início que agradou a maior parte dos fãs, com os desenhos precisos de Tony Moore. A partir da sétima edição ele continuou fazendo as capas, mas o miolo ficou sob o comando de Charlie Adlard, que capricha nos tons cinzas e torna todos os personagens ambíguos, sempre com expressões mergulhadas nas sombras. Nem sempre fica claro para o leitor quem ali é um mocinho ou um psicopata, e esse ponto é até positivo pelo interesse que acaba gerando em quem lê.O desenhista deixa a desejar em alguns momentos de ação e nos cenários, simplificados demais, mas capricha nos momentos de gore, que não são poucos. Um prato cheio para os fãs do gênero.