sexta-feira, 25 de abril de 2014

livro do mês: Death note: Another note

                                                                              Fonte: Divulgação


          Death note: Another note, ou O caso dos assassinatos em Los Angeles é um empolgante prelúdio da série de mangás e animes Death note, publicado no Brasil pela editora JBC. Só que aqui não  temos uma história em quadrinhos e sim uma light novel, ou seja uma história escrita em forma de romance. Takeshi Obata faz as ilustrações e a trama fica por conta do autor Nisiosin, bastante badalado no Japão junto ao público jovem. A leitura é obrigatória para os fãs da série e aqui explicarei porquê.
         A trama gira em torno de um assassino em série à solta em Los Angeles. A polícia local  precisa de ajuda rápida pois não consegue avançar em absolutamente nada na investigação. Por alguma razão porém, o assassino vai deixando uma série de enigmas escondidas em cada cena do crime. Cada um deles, ao que parece, é um roteiro indecifrável para o próximo assassinato e aqui entra em cena o detetive L, que auxiliado pela agente do FBI Naomi Misora precisa correr contra o tempo para evitar que o massacre saia totalmente de controle. Uma citação a este caso foi feita no mangá pela própria Naomi e agora o público pode matar a curiosidade acompanhando o raciocínio espantoso de L, que encontra aqui novamente um antagonista à sua altura. 
        Suspense investigativo e reviravoltas inesperadas que prenderam a atenção de milhões de leitores da série agora retornam em grande estilo. Os enigmas apresentados são em sua maioria bastante complexos, em alguns momentos forçam a barra mas mesmo assim é muito bom vê-los sendo destrinchados por L. O personagem é realmente marcante e suas manias e esquisitices estão à toda! Em seu primeiro contato com Naomi Misora em uma cena de crime há diálogos e situações hilárias causadas pelo jeito excêntrico do rapaz. Em muitos momentos dá pra dar boas risadas com a relação sempre desconfiada dos dois, que aos poucos vão revelando-se uma dupla excelente, com um complementando o pensamento do outro. 
         Mas o que seria do L sem um inimigo com intelecto igual ou superior ao seu? Aqui temos uma figura que faz juz à loucura de Raito Yagami. Tem o curioso nome de Beyond Birthday e um passado em conexão com o de L, o que só aumenta a carga de mistério. Uma dica de seu incontrolável estado de paranoia é dado logo no começo da história, quando os investigadores percebem que ele retirou não apenas as suas  impressões digitais do quarto onde assassinou suas vítimas mas sim todas as impressões existentes na casa inteira, inclusive das lâmpadas do teto!! Ele não possui um death note nem nada, mas tem um estranho poder sobrenatural herdado das regras dos shinigamis. Esse poder, que não contarei qual é acaba sendo aquele mote que abre intensas possibilidades e torna ainda mais difícil a resolução do mistério.
         Enfim, para não dizer que só falei das flores há um único senão na obra, que é o fato de misturar muitas vezes seus narradores. Desde o começo o Mello se apresenta como narrador com base em documentos que trazem todo o caso. Fica estranho então ouvirmos pensamentos em primeira pessoa de Naomi Misora ou de Ryuzaki, colocados às vezes em uma mesma página. Fica a dúvida se ele foi mesmo escrito assim ou foi coisa da tradução... Vai entender esses japoneses e suas tramas maravihosas...   
         
          

domingo, 9 de março de 2014

Resenha: Contatos imediatos de terceiro grau

                                                                  Fonte: Divulgação

      Em 1977 um clássico da ficção científica ganhava os cinemas e tornava-se um novo marco na carreira do então iniciante Steven Spielberg. O diretor já havia surpreendido todo o mundo com o seu Tubarão dois anos antes e agora experimentava a alta expectativa do público, que aguardava ansiosamente a sua nova obra. Não decepcionou ninguém e entregou uma fita impecável, que comprovava ainda mais a sua genialidade. Vamos agora tentar resenhar essa obra-prima que deixou muita gente indo por quintal de noite pra dar uma conferida no céu.
       O termo contato imediato foi cunhado pelo  Dr. J. Allen Hynek, uma sumidade no assunto que emprestou a expressão para o título do filme. Segundo ele haveriam três níveis de contatos com seres extraterrestres, que seriam o Primeiro grau - contato visual, Segundo grau - contato realizado através de  evidências e Terceiro grau - o contato físico com um ser extraterrestre. Modinha na década de 70, o assunto era um hit também devido ao sucesso indiscutível que George Lucas, compadre de Spielberg conseguiu com sua ficção Star Wars. Essa safra de filmes poderosos acabou dando início aos blockbusters de verão que a gente vê até hoje, ou seja se você for mesmo um cinéfilo de verdade e encontrar Spielberg ou Lucas por aí peça a bença pros home.
       Mesmo assim seria injusto afirmar que a história do filme surgiu de uma hora para outra, ela vinha sendo trabalhada pelo diretor a anos e as cenas impactantes imaginadas precisaram utilizarem-se de diferentes técnicas para alcançar a verossimilhança desejada. A inovação proposta pelos efeitos especiais marcaram época, nunca haviam alcançado tal patamar no cinema americano até então.
        Impacto visual  aliás é algo utilizado aqui sem economia. Já nos primeiros minutos somos presenteados com um rápido turbilhão de cenas ao mesmo tempo perturbadoras e espetaculares: que dizer de um gigantesco navio que surge do nada em pleno deserto, ou de aviões desaparecidos durante a segunda guerra que surgem sem nenhuma explicação em meio a uma tempestade de areia? Há ainda a cereja do bolo: milhares de indianos quase em transe entoando o misterioso mantra que acompanhará a produção até o seu maravilhoso clímax . Após esse misterioso e promissor movimento inicial passamos a acompanhar a obsessão de dois personagens em desvendar o que parece esconder-se além dos céus nebulosos da América. São eles  Roy Neary, um homem comum envolvido em eventos que não compreende,  numa atuação muito boa de Richard Dreyfuss e a jovem Jillian Guiler (Mellinda Dillon) que tem sua vida virada pelo avesso após o estranho desaparecimento de seu filho de três anos.
        Spielberg introduz seus personagens principais em meio a duas cenas muito poderosas que cravaram-se em definitivo no imaginário coletivo, e foram exaustivamente copiadas pelo cinema e televisão : o carro solitário em meio uma estrada rural sendo cercado por uma luz intensa e a abdução de um garotinho em sua própria casa. Com imaginação, o fascínio pelo desconhecido vai arrebatando o público aos poucos, fazendo uso de sugestões e insinuações de fatos e é aí que entra em cena o ato final onde todas as perguntas vão ser respondidas. Só faltou mesmo gabar  a trilha sonora de John Williams, um personagem a mais no filme.   Williams  concorreu ao Oscar 1977 com dois trabalhos: Star wars (que saiu vencedor) e Contatos imediatos. Uma prova que o homem não estava pra brincadeiras.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O Piteco do Shiko

                                                               Fonte: Divulgação
             Piteco: Ingá foi a última  hq da primeira fornada do Projeto graphic MSP, lançada em fins de 2013. Para muitos críticos, foi o melhor quadrinho do ano. Ou o segundo, uma vez que a fábula O azul indiferente do céu, também do Shiko deixou muita gente de queixo caído.  O quadrinhista vive um momento muito legal de reconhecimento por parte do público e é sem dúvida um grande nome entre os desenhistas dessa nova geração.
              Na trama da hq, o caçador Piteco se vê em uma grande jornada para recuperar sua amada Thuga, que foi raptada pelos misteriosos Homens-Tigre. Em seu caminho, ele enfrenta diversos desafios em um  mundo pré-histórico  repleto de beleza e morte. Há no roteiro um ar de novidade por apresentar uma pré-história empolgante e nitidamente brasileira aos leitores, com algumas licenças poéticas que não estragam o resultado final.
              A arte de Shiko é um show à parte: transitando pela beleza das hqs européias e o dinamismo dos mangás ele mostra ter identidade própria, o que já lhe confere respeito. Criou ainda um visual muito bacana para cada povo retratado na história: o povo de Lem, o povo da floresta e os homens-tigre. As informações visuais são consistentes e os detalhes vão das vestimentas e apetrechos utilizados até aos cabelos, tudo muito bem pesquisado e criativo.
             Uma nova leva de hqs já foi divulgada pelo Maurício e seu editor Sidney Gusman para 2014 e 2015. Fica a torcida para que uma nova aventura do Piteco esteja entre os planos da dupla. E que o Shiko arrase novamente!

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Os laços da turma da Mônica

                                                                           Fonte: Divulgação
     Quem nunca leu um gibi da Mônica e sua turma quando criança? A verdade é que a personagem é onipresente na infância brasileira a gerações. Lembro que já tive centenas de revistas dos personagens do Maurício. Bons tempos! Criador excepcional e  empreendedor com notável visão de mercado o autor sempre soube qual o momento para reinventar-se. Foi assim que surgiu o inovador projeto graphic MSP, onde artistas são convidados a fazer releituras de seus famosos personagens.
       O resultado? Uma revolução como nunca se viu nas hqs nacionais. As quatro hqs produzidas até agora foram sucesso absoluto de crítica e acredito até que a essa altura se esgotaram, tamanha foi a vendagem. A primeira delas foi o Astronauta: Magnetar, de Danilo Beiruth, seguida por Turma da Mônica: Laços por Vítor e Lu Cafaggi. Logo após vieram as também excelentes Chico Bento: pavor espaciar por Gustavo Duarte e a do Piteco, batizada de Ingá, com arte do paraibano Shiko. 
     A primeira dessa leva que tive o prazer de ler foi justamente a  Turma da Mônica: Laços, e é sobre essa obra prima que me deterei nesse post. Que publicação maravilhosa! Há toneladas de sensibilidade em cada quadro da hq, desenhada com tanto capricho que a leitura é interrompida a todo momento apenas para que possamos ficar admirando a arte.
    O roteiro também é excelente: O cachorro Floquinho desaparece e aí Cebolinha, Mônica, Magali e Cascão partem à sua procura. Mais simples que isso impossível, mas a forma como a história é contada é muito cativante. Primeiro acerto: Vítor Cafaggi e sua irmã Lu trazem até nós um bairro do Limoeiro nostálgico que nos remete imediatamente aos anos 80. A própria concepção do roteiro parece partir de filmes da década que tratam de aventura e de amizade, como os ótimos Conta comigo e Os goonies. Caçar elementos da década fica sendo então uma diversão a mais para quem lê. Segundo acerto: a homenagem a momentos clássicos das hqs do Maurício, com a participação de outros personagens marcantes soma-se a um respeito tão sincero às características dos personagens que não há como não se encantar!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Livro do mês: Deixa ela entrar

 
Fonte: Divulgação 

         Um dos livros mais perturbadores que já tive o prazer de ler, o sueco Deixa ela entrar, do jornalista John Ajvide Lindqvist  tornou-se  um best seller instantâneo alcançando altas vendagens em mais de trinta países, fez bonito também em suas versões cinematográficas ( tanto a americana quanto a de seu país de origem) e merece ser nosso primeiro resenhado de 2014.
        Publicado no Brasil em fins de 2012 pela Globo livros, Deixa ela entrar é uma original e densa trama de terror que traz um sopro de fôlego e maturidade para as histórias de vampiros. Sua trama se desenrola em uma gelada e sombria Estocolmo do início dos anos 80, precisamente em um modesto subúrbio onde passamos a conhecer Oskar, um garoto que na transição da infância para a adolescência precisa lidar com o mundo altamente perverso que o rodeia. Sofre bullying, é introspectivo e inseguro, tem pais separados que o negligenciam e por aí vai. Ao passo em que terríveis e estranhos assassinatos passam a desafiar a polícia local, o garoto conhece por acaso a garota Eli, que passa a morar com seu suposto pai no apartamento vizinho. Surge então uma amizade inesperada entre os dois, que inconscientemente tecem um pacto para ajudarem-se mutuamente. E é aí que muita coisa vai mudar!
        Cruel e sanguinolento sem ser gratuito, há aqui ainda um bom exemplo de texto onde as ambiguidades trabalham no sentido de aguçar a curiosidade do leitor. Uma herança que nos remete imediatamente a textos como A volta do parafuso, de Henry James, onde os fatos muitas vezes são jogados com absurda clareza, mas com artimanhas narrativas tão eficazes que o leitor simplesmente se recusa  a crer no que lê. Impactante e Verossímil na construção de seus personagens e situações, os elementos reais e sobrenaturais se mesclam de modo espetacular no texto. Em suas mais de 500 páginas, o autor tem notável controle do fluxo de informações, tecendo saltos temporais nos momentos certos e apresentando com ótima agilidade cenas de terror fortes e antológicas.
         Se tiver a chance de ler, não hesite. Deixa ela entrar é uma obra prima gótica contemporânea  e suas cenas finais ao mesmo tempo tocantes e perturbadoras com certeza foram talhadas a ficar por muito tempo  na memória dos leitores. 
      
         


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Sobre o imortal Sherlock Holmes

                                                              Fonte: Divulgação
      Um dos personagens  mais marcantes entre os clássicos universais é o notório detetive inglês criado por Sir Arthur Conan Doyle. Quem nunca ouviu falar dele? Ainda mais nos tempos atuais onde além de encontrá-lo em seus livros, existem tantas adaptações para o cinema, a tv e mesmo os quadrinhos.  É impossível não formar uma imagem mental instantânea ao ouvirmos qualquer citação a Holmes. Velho conhecido desde minha adolescência, tive um primeiro contato com ele logo em sua aventura mais "exótica", onde  enfrenta uma espécie de besta sanguinária que persegue uma família nas charnecas inglesas. "O cão dos baskerville"  me fisgou de vez para as tramas policiais de Doyle, que passei  a acompanhar com entusiasmo.
        As narrativas de Doyle são inteligentes e metódicas, e embora na maioria das vezes não partam para uma ação física mais ousada oferecem um clima soturno onde o poder imaginativo do autor mantém o leitor como refém .O uso do dr. Watson como contraponto aos raciocínios de Holmes é sempre fantástico, pois ao passo que não rebaixa o intelecto do médico, põe a ele e a nós leitores no papel de observadores de uma habilidade dedutiva tão superior que é quase algo sobrenatural.
        As muitas adaptações da obra de Doyle para outras mídias costumam tomar liberdades quanto aos aspectos mais característicos da personalidade de Holmes. No filme estrelado por Robert Downey Jr por exemplo, o herói de ação prevalece, já na série Elementary Sherlock tem surtos que o tornam uma espécie de dr House detetivesco. Tais obras podem ter seus méritos, mas deixam escapar aquele sutil tom de desinteresse do personagem pela realidade que o cerca, tão marcante nos textos de Doyle. Há em Sherlock um certo ar blasé,  que enxerga o cotidiano como um mar de futilidades e só encontra alento quando um crime engenhoso o desperta. 
       Ontem tive contato com uma nova perspectiva para as aventuras de Holmes: comecei a ler o Nuvem da morte,  um livro de Andrew Lane, autor atual que trata das aventuras de um jovem Sherlock que com apenas quatorze anos vive cercado por perigosas investigações.  É o primeiro de uma série sobre a adolescência do personagem, portanto deve haver aí algum desejo implícito de transpor as aventuras para o cinema . 
       Antes de qualquer coisa, confesso que não me empolguei tanto com a ideia de rejuvenescer o herói, algo na empreitada me fez lembrar um pouco da antiga série o jovem Indiana jones, premissa legal e ao mesmo tempo muito mal executada que acabou se tornando um retumbante fracasso. Aliás, há ainda o filme O enigma da pirâmide que já abordou a temática e não obteve resultado significativo. Não que o filme seja ruim, apenas não encontrou respaldo do público. No entanto, a atmosfera que o autor do livro apresentou até onde pude ler soa nostálgica e ao mesmo tempo tem um toque sombrio muito bem vindo. Sei que é melhor terminar o livro primeiro para tecer qualquer comentário, mas a impressão inicial foi muito boa, não soa como fanfiction barata e seu texto tem indiscutível qualidade. Vamos dar tempo ao tempo por enquanto.
         


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Quinze anos de Dawson's Creek!

  
                                                                     Fonte: Divulgação

 "Alguma coisa sobrevive ao naufrágio das ilusões..." ( Machado de Assis)

   Essa bela frase do bruxo do Cosme velho define bem a passagem da adolescência e as desilusões e desencantos que a vida acaba reservando a todos nós. Sob um pano de fundo pop, é sobre a passagem desses anos tão marcantes que a série televisiva Dawson's Creek vai se aprofundar. Verdadeiro fenômeno televisivo do final dos anos 90, podemos afirmar que é uma série adulta sobre a adolescência . Esse parece ser um modo complexo de se entender a série, mas grande parte dos fãs abraça a ideia de que ao fim de uma jornada de auto conhecimento e descobertas é mesmo a solidão e o desencanto que os personagens encontrarão. Agora, quinze anos depois, uma das melhores séries teen de todos os tempos faz aniversário e vamos aqui elogiar, afinal ela tem envelhecido bem, basta dar uma olhadinha em seus episódios iniciais: continua atual e ao mesmo tempo dá uma sensação muito legal de nostalgia ao rever. Este post é apenas pra matar saudade, um papo sobre como foi acompanhar a série e como alguns lances dela marcaram um período legal de minha vida. Resolvi dividi-lo em temas, espero que gostem!

   Estrutura da série: 

    Kevin Willianson, criador e principal roteirista da série sempre deixou claro que se tratava de uma história praticamente autobiográfica, e esse conceito sempre deu  a entender a quem acompanhava a trama que Dawson seria seu alter ego ou coisa assim, mas em muitos momentos o autor enriqueceu nossa percepção ao afirmar que havia utilizado traços de sua adolescência em cada um dos quatro personagens principais. Isso foi uma quebra de estereótipos e tanto, afinal todo mundo acabava se identificando com um único personagem, mas se pensarmos bem acabamos carregando em nós muito do que os quatro representam.

Personagens:
   Quatro personagens principais coordenam os acontecimentos e são retratados de modo envolvente:  
  •   Dawson Leery ( James Van der Beek) é o eterno adolescente sonhador que parece não querer crescer (seria a síndrome de Peter Pan de Spielberg tão discutida no início da série?). Ele deseja ser cineasta, daí tantos filmes serem usados como referência em episódios na série.O quarto de Dawson, repleto de posters e elementos da sétima arte geralmente é o ponto de partida da maioria dos episódios e isso funciona como uma metáfora, já que é de um ambiente seguro e familiar que o jovem deve  partir para enfrentar o mundo.



  

  •  Joey Potter ( Katie Holmes)é a amiga de infância que quer crescer, mas para vislumbrar novos horizontes precisa se conscientizar de sua própria beleza e inteligência. Amizade e amor se confundem na cabeça de Joey e Dawson e isso acaba se tornando o principal plot da série.






  • Jen Lindley ( Michelle Willians) é a garota que já cresceu em diversos aspectos negativos e precisa juntar seus cacos após diversas experiências frustantes. Ela vai morar com a avó na pacata Capeside e acaba mexendo com o coração de Dawson, mas será que  o ritmo lento de uma cidade interiorana será de grande ajuda para a garota?






  •  Pacey Witter ( Joshua Jackson), grande amigo de Dawson ele  não cresceu sob vários aspectos ( é o moleque da série) mas tem mais maturidade do que possamos inicialmente visualizar.  O péssimo relacionamento dele com o pai rende alguns episódios memoráveis. 





     Revendo a série, podemos verificar o quanto nossa percepção acerca de seus personagens  pode ter nos enganado e isso é muito bom pois pode nos revelar amadurecimento em nossos julgamentos. Os personagens de Dawson's Creek são muito humanos, não carregam estereótipos saturados e por isso mesmo passam longe de serem perfeitos.
      Um bom exemplo: Dawson Leery tem toda nossa torcida para que alcance seus objetivos e nem reparamos inicialmente o quanto ele é egocêntrico: o divórcio de seus pais vira uma lamentação sem fim e nem lembramos de comparar com a formação familiar desastrosa de Joey, Pacey e Jen, todas muito mais dolorosas que a dele. Dawson põe ainda seus interesses sempre em primeiro plano, negligenciando seu papel como amigo ou namorado. Pacey Witter, o eterno irresponsável juvenil que não se encaixa em nenhum padrão pode ser um outro exemplo, não damos a mínima para ele em uma primeira olhada e até em certos momentos nos pegamos pensando o que seu papel representa para o desenvolvimento da série. Uma segunda olhada mais calma nos revela o quanto ele é um bom ouvinte, quantas vezes salvou a pele de seus amigos e quanto a sua figura carismática nos convida a aproveitar o dia e relaxar!Grande Pacey!
   Personagens secundários interessantes também não faltaram na série. A avó de Jen  teve papel decisivo e participou de cenas emocionantes junto à neta rebelde (destaque para a fase do ateísmo de Jen e o próprio final dado às duas na série). Os irmãos Jack e Andy Mcphee ( Kerr Smith e Meredith Monroe) foram chegando de mansinho e deram uma contribuição e tanto para a trama, com seus respectivos dramas os tornando os favoritos de muita gente.  Destaque aqui também para a terrível Abby Morgan ( Monica Keena), que apesar de não ganhar um título de vilã propriamente dito acabou muitas vezes roubando a cena durante as duas primeiras temporadas. Ela é venenosa sob medida, interfere na vida de todo mundo e mesmo que sem objetivos mais concretos, vive para infernizar os outros. Sua morte imprevisível na segunda temporada foi um golpe de mestre e deixou todo mundo que acompanhava a série de boca aberta. 

      Final da série:
     Analisando friamente  a série e deixando de lado nosso posicionamento pessoal  diante dos personagens podemos notar que seu final já estava decidido desde a primeira temporada. Sim, lá foram dadas inúmeras pistas do que estava por vir e ainda que graaaande parte dos fãs tenha ficado decepcionado com os acontecimentos do último episódio, não há como negar o quanto foi um final sincero, carregado de significados reais sobre a vida. Apesar de realista, abraçando desfechos trágicos, não considero um término infeliz, o público apenas ficou acostumado demais ao básico, quando perde um pouco o controle sobre o que acredita ser o correto acaba se frustrando. Willianson cumpriu seus planos iniciais, e ao fugir do esquema de obviedades foi coerente consigo mesmo e com a proposta da série. Ainda que tenha nos presenteado com  momentos de cortar o coração, a sua mensagem positiva de recomeço com certeza ganhou nosso afeto.